Quando me deparei com a experiência de criar uma criança com deficiência, senti, num primeiro momento, que não me sentia preparada para tal. Devagar fui aprofundando a ideia e percebendo que nunca os pais estarão satisfatoriamente (para eles) prontos para desempenhar a maternidade e a paternidade. Conselhos e dicas do Dr. Rinaldo Delamare em AVida dos bebê (leitura obrigatória na minha época) não eram suficientes para acalmar a ansiedade dos pais. Aliás, nunca estamos prontos para nada. Sempre haverá “novidades” que não estavam programadas. E o bonito da vida está justamente aí: nos desafios que nos são apresentados e na nossa capacidade de buscar forças para driblá-los, enfrentá-los, resolvê-los. Fácil? Não. Mas quem disse que seria fácil? Que graça teria se fosse fácil?
Aos poucos fui descobrindo que nada de tão diferente me estava sendo pedido. Era preciso calma, confiança para acreditar que quem me confiara essa tarefa sabia que eu daria conta dela. “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6).
E lá se vão tantos e tantos anos que, hoje, quando volto no tempo e me encontro comigo mesma, vejo que os caminhos no meio das pedras (invertendo nosso amado Drummond) foram muito bonitos e gratificantes. Muitas vezes me vejo pensando como teria sido a minha vida se não me tivesse sido dado esse presente.
As coisas inesperadas, que acontecem em nossas vidas e nos tiram da zona do conforto, a princípio podem nos desestabilizar, mas serão sempre crescimento.
Portanto, catequistas, lembrem-se de que as situações inesperadas que, por ventura, possam acontecer em seus encontros sempre serão “presentes” de Deus para aprimorar seu desenvolvimento.
Por Vera Lúcia Fator Gouvêa Bonilha. *Graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. *Foi professora de Língua Portuguesa e Literaturas brasileira e portuguesa do Instituto Educacional Imaculada. *Atualmente atua como revisora de textos.
